O que faz uma pessoa determinar a morte de outra?
A sentença calculada em 13 tiros o que somente um já teria feito o serviço. A “justiça” tem cor, pele, vestimenta e lugar. É porque ele foi inspirado a matar que seu destino foi decidido pela troca com a própria morte. É porque o crime se mostrou diante de seus olhos um caminho fácil, para encher a mesa das criança. Para um homem sem estudos a matança é armadilha e praga. Para o policial, a punição merecida, destinada. Bandido não merece piedade, não merece ser ouvido então se lança logo treze tiros.
O primeiro acerta o ombro, aonde a M4 ficava pendurada. O segundo acerta a perna que permite que ele suba os morros da favela para fazer seu serviço e voltar para casa. O terceiro acerta os dedos que por uma injustiça da vida não poderiam segurar um lápis ou uma caneta. O quarto acerta o peito e nesse momento ele cai de joelhos. O quinto acerta a boca a mesma, que tosse sangue impendindo-o de pedir por misericórdia. O sexto o quadril, o sétimo a cabeça. Nesse momento ele jazia deitado ao chão penerado em sangue. O policial fica na sua frente olha nos olhos dele e atira mais seis vezes, só para garantir.
Seu corpo fica irreconhecível. Porque reconhecer um criminoso? A justiça está feita afinal.
Todos nós somos perigosos, a justiça é regida pelo medo e paga com vingança. No momento em que um justiceiro mata ele não está mais querendo proteger nem conter um criminoso, está saciando em si o desejo instintivo e primordial de matar.
Por entrelhinhas
Eduarda Barreiros Schotten é estudante de Jornalismo e escritora. Aprofundando-se em temas impactantes da sociedade, por entrelinhas, traz a humanidade ao texto de uma forma poética e as vozes dos marginalizados. Tocando em pontos sensíveis de questões que abalam a atualidade criativamente.